Como aprender a aprender

Como aprender a aprender

Organizar os pensamentos e transformar uma aula, um vídeo ou o conteúdo que você está lendo de um livro em um aprendizado não é uma tarefa tão simples assim. Muitas vezes alguns dias depois a gente já pode ter esquecido o artigo que lemos ou detalhes de um documentário que assistimos.

De acordo com o “learning how to learn” (Aprendendo a Aprender. Como Ter Sucesso em Matemática, Ciências e Qualquer Outra Matéria, 2014), livro da Dra. Barbara Oakley da Universidade de Oakland, existem 4 técnicas que usam conceitos de neurociência e senso comum que podem ajudar muito a reter conhecimento e organizar estratégias de aprendizagem.

1. Modo Focado vs Modo Difuso

Este conceito, que também pode ser encontrado de forma semelhante no excelente Rápido e Devagar (Daniel Kahneman, 2011), divide o cérebro em duas partes. A parte devagar do cérebro pode ter um modo de pensamento mais focado, com mais concentração e mais obtenção de informações e um modo “difuso”, um estado de descanso mental em que a consolidação do conhecimento ocorre e existe a retenção da informação, ou seja, quando as novas informações descansam e se acomodam no cérebro. Neste caso a melhor recomendação é sempre fazer pausas para perí­odos intensos de foco. Você fará absorção de muito conhecimento e nas pausas este conhecimento vai se consolidar na sua memória com mais calma.

2. Períodos de descanso

Para conseguir equilibrar os perí­odos de mente focada e difusa, por exemplo, existe a técnica Pomodoro, desenvolvida por Francesco Cirillo, em que colocamos um croní´metro para marcar 25 minutos de foco (sem distrações). Durante todo o perí­odo de tempo (pomodoro), foque no trabalho que você precisa realizar. Passado esse tempo, faça uma pausa para a reflexão (modo difuso), saia de mesa e se dê um momento leve de presente. A recompensa pode ser ouvir uma música, fazer uma caminhada rápida ou qualquer coisa que te faça pensar em algo que não a tarefa que você estava tentando completar. Exatamente porque você não está fazendo absolutamente nada relacionado í quele trabalho, o cérebro vai conseguir se organizar e reter o conhecimento muito melhor.

Além disso, o ritual de programar o croní´metro também pode te ajudar a lidar com a procrastinação, aumentando sua disciplina. É muito mais fácil organizar ciclos de foco em perí­odos como o de 25 minutos do Pomodoro, e quanto mais você treinar, mais fácil vai ficando.

3. Muita prática

O nosso cérebro cria padrões neurais que podem ser reativados quando necessário. A maneira mais fácil de conseguir reprogramar o nosso sistema neurológico para aprender esses padrões é através da repetição. Pode ser uma equação, uma frase em francês ou um acorde no violão. As pesquisas mostram que ter uma “biblioteca” de padrões neurais praticados, repetidos e desenvolvidos com frequência é o que nos torna especialistas em algo.

A prática traz a fluência. Os padrões neurais são construí­dos em cima de outros e essa rede vai aumentando junto com seu conhecimento. Com o tempo seus desenhos vão sair mais rapidamente, suas jogadas serão mais ágeis e seu vocabulário de inglês será muito mais fluente. Vai ficando cada vez mais rápido lembrar do básico, mesmo quando sua mente está ativamente focada tentando entender informações novas e mais difí­ceis.

4. Conheça a si mesmo

Há quem consiga aprender matemática com mais facilidade, outras pessoas tem mais facilidade com esporte. Habilidades (ou skills) podem ser desenvolvidas por qualquer pessoa e só precisa de tempo e dedicação. A predisposição natural de alguém ser melhor que outra significa apenas que aquela pessoa teve mais tempo de prática e dedicação no universo de conhecimento necessário para dominar uma habilidade, ou seja, reconhecer as vantagens e desvantagens do seu processo de aprendizado será o primeiro passo para aprender a se aprofundar em temas que você não conhece ainda.